Ata-me!

O prometido é devido, e quando falámos de algemas e bondage, ficou assente que dedicaríamos um artigo ao Shibari. Esta técnica de bondage – cujo nome mais correcto é Kinbaku –  é uma antiga arte japonesa de usar cordas e nós, com muitos estilos e aplicações. Na estética, está relacionada com outras artes japonesas, como o Ikebana, Sumi-e (pintura com tinta preta) e a Chanoyu (a cerimónia do chá).

Entre os muitos usos do Shibari podemos encontrar as dinâmicas esculturas vivas (como vemos abaixo, na “Enchanted Forest Installation” de Garth Knigh), meditação partilhada, relaxamento profundo para a flexibilidade do corpo e da mente, expressão de permuta de poder e uma restrição intima e erótica.

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No Shibari (o acto de atar alguém) o Nawashi (artista da corda) cria uma imensidão de padrões geométricos e formas que contrastam com as maravilhosas curvas do corpo feminino. Visualmente, as cordas apertadas criam um contraponto com a suavidade da pele e os contornos do corpo. Reforçam a forma graciosa do corpo, usando a modelo como uma tela e a corda como pincel e tinta.

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Desde a antiguidade, as cerimónias religiosas no Japão usam cordas e nós, simbolizando as ligações entre as pessoas e o divino, para além de delimitarem espaços e tempos sagrados.

No Japão, a vida comum era feita em redor de nós, cordas, formas de atar. O Kimono, por exemplo, não tem botões nem ganchos nem colchetes. É fechado de forma ritual com longas tiras de tecido que dão a volta ao corpo. As armaduras militares eram feitas de painéis de madeira lacada, elegantemente atados uns aos outros.

Os presentes eram intricadamente embrulhados e atados, um costume que até hoje mantêm. Os bens alimentares são acondicionados no Furoshiki (pano quadrado) e enfeitados com Mizuhiki (uma corda), de forma a serem mais apetecíveis ao olhar.

A arte bondage japonesa tem uma longa tradição e continua a ser aperfeiçoada ao longo dos séculos. Não serve apenas como imobilização, mas também como um ornamento e até pode usar a pressão exercida pelas cordas numa técnica de  Shiatsu.

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O Shibari é construído a partir de várias cordas, cada uma a fazer o seu papel, contribuindo para o efeito final. Cada nó tem o seu significado histórico, e todos eles a sua raiz no Hojo-jutsu (a arte marcial de imobilizar prisioneiros). Existe até uma maneira diferente de bondage para prisioneiros nobres, em que não é atado qualquer nó – mas o prisioneiro jura por sua honra não tentar escapar.

Iniciou-se como uma forma de prisão, no Japão de 1400 a 1700. Nessa altura, a polícia local e os Samurai usaram-no como forma de encarceramento. As cordas tinham múltiplas funções, não só para prender os prisioneiros mas para segurança das selas ou puxar um cavalo.

Não existiam cadeias ou prisões no Japão, e os recursos de minério (ferro, cobre, etc) eram escassos. Mas haviam imensas  cordas de cânhamo e juta. Daí a utilização das cordas no imobilização. E está na origem da arte marcial Hojo-justu, entre outras. Ainda hoje, a polícia japonesa transporta na bagageira das viaturas algumas cordas de cânhamo, só para o caso de ser necessário…

De acordo com a tradição ancestral do período Edo (1600-1868), estava definida a associação das 4 cores (azul, vermelho, branco e preto), às estações do ano, pontos cardeais e os 4 guardas chineses desses pontos (o dragão, a fénix, o tigre e a tartaruga). A cor da corda era escolhida em função da estação do ano, e o prisioneiro ficaria virado na direcção apropriada à estação e a essa cor.

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A honra e status dos antigos Samurais era conotada com a perícia em imobilizar os seus prisioneiros e na sua técnica.

Existiam 4 regras no Hojo-jutsu:
1. Não permitir que o prisioneiro se liberte sózinho.
2. Não causar qualquer dano físico ou mental.
3. Não permitir que outros vejam a sua técnica.
4. Fazer com que o resultado final seja agradável à vista.

Nos finais do séc. XIX e início do séc. XX, o Hojo-justu evolui sensualmente, e passa a chamar-se Kinbaku ou Shibari (a arte erótica de bondage).

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Na história sobre o Shibari | Kinbaku, é importante referir um ilustre artista que muito contribuiu para a criação de uma base sólida para que a escravidão com cordas pudesse ascender ao posto de arte: Ito Hajime (1882-1961).

Filho de um escultor, criado num bairro operário de Tóquio, aos 10 anos de idade viu um drama kabuki cujo enredo da peça apresentava uma heroína samurai. Esta representação despertou-lhe o interesse por mulheres em perigo.

Aos 13 anos adoptou o nome Seiu (em kanji, algo como “chuva clara”). A partir de 1908 Seiu Ito inicia seus estudos sobre o Hojo-jutsu. Aos 34 anos começa a pintar e desenhar ‘e-Seme’ (fotos de tortura judicial do Japão – baseadas em registos históricos).

Em 1919 Ito contratou uma jovem modelo chamada Sahara Kise. Pouco tempo depois veio a torna-se sua esposa. Sahara modelou para suas fotos e gravuras, em sessões que duravam até 3 horas.

Ito foi um pintor e artista japonês com grande interesse sobre as formas de sexualidade oriundas da escravidão com cordas, e durante a sua trajetória como artista, ganhou reconhecimento elevando o Shibari/Kinbaku a forma de arte.

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Se está interessado em aprender algumas técnicas básicas, aqui ficam as instruções para um corpete Shibari. As cordas, macias e nas cores preto e vermelho, podem ser adquiridas aqui.

 

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