Ghosting, haunting, situationship – A Era do Amor Líquido

Ghosting, haunting, situationship – A Era do Amor Líquido
Ghosting, haunting, situationship… Que confusão! Termos novos, em inglês, para as relações dos tempos modernos.
Antigamente, no mundo pré-redes sociais, ou estávamos casados, ou solteiros. Ponto.
Agora estamos na Era do Amor Líquido, dizem os especialistas em relacionamentos. Tive de ir à procura do que era afinal este amor, por oposição ao sólido. Descobri que o termo nasce de um livro com esse mesmo título, Neste livro, o autor investiga de que forma as relações parecem tornar-se cada vez mais ‘flexíveis’, gerando níveis de insegurança maiores. Zygmunt Bauman, o sociólogo que o escreveu, comenta sobre a convivência nas cidades, que ao mesmo tempo nos aproximam fisicamente e nos afasta com a instauração do medo e a organização em silos. Ele diz que somos hostis a quem nos é estranho, e que a arquitetura moderna das cidades fomenta o conflito, não o amor.
“Viver na cidade é uma experiência ambígua.”
Em busca de uma fuga dessa realidade amedrontadora, a sociedade líquido-moderna opta por estabelecer vínculos virtuais, evitando assim o compromisso (e a dúvida) de relacionamentos presenciais.
No caso de relacionamentos sólidos, quando a distancia não permite o contacto físico, a tecnologia aproxima-os sexualmente através dos teledildónicos e brinquedos controlados via app. Estes brinquedos podem também ser usados nos relacionamentos de amor líquido, ou até entre estranhos.
Vamos ver então que nomes se dão a estas novas relações inter-pessoais. Será que estás nalguma delas?
Ainda que não sejas um utilizador de internet “peso-pesado”, é impossível fugir a certas situações que a vida online propicia. Sim, continuamos a ter relacionamentos ao vivo, mas também por meio de bytes enviados pelos nossos smartphones, tablets e notebooks. É a era do “Amor Líquido”. Vivemos relações com laços momentâneos, frágeis e volúveis. Nunca o mundo foi tão dinâmico. Então, nada mais natural do que nascerem termos para identificar novas atitudes que surgem na vida contemporânea. São em inglês, a língua dominante no mundo virtual.
Por exemplo, se vive um relacionamento sem laços, rótulos, que não é nem uma amizade, mas também não é um namoro, estás numa “situationship”, parecido com a antiga “amizade colorida”.
“Ghosting”: é o termo usado quando alguém com quem estavas a sair corta qualquer tipo de contato contigo, dando a sensação de que não está mais interessado/a. Normalmente, a pessoa age assim por receio e porque não quer assumir uma relação mais séria. Ele, ou ela, torna-se um “ghost” (fantasma). Logo estamos perante um movimento ghosting.
Também pode ser considerado ghosting, quando ainda não saíste com alguém, apenas falam via sms, whatsapp, facetime, entre outros, e tem interesse e do nada alguém corta a relação, dando também a entender que já não tem interesse.
“Haunting”: usado quando a pessoa com quem saias (e que tinha desaparecido de repente), reaparece na tua vida, geralmente seguindo-te nas redes sociais, ou reagindo frequentemente ao que postas e acompanhando, por exemplo, os teus Stories no Instagram. No entanto, não há contacto direto. É como se o “ghost” (fantasma) dessa pessoa que pensavas que tinha “morrido” na tua vida voltasse para “haunt” (te assombrar).
“Benching”: pode ser o mesmo que deixar alguém de molho. Acontece quando um parceiro acaba com os encontros, mas alimenta a amizade através do telefone ou dos mídia sociais. Espera assim manter a pessoa “no banco” (como na reserva de uma equipa de futebol) e no “limbo” do relacionamento enquanto verifica até onde vai o outro relacionamento que mantém. Ou seja, se o relacionamento atual não der certo, é bem capaz que ele/a volte atrás de ti…
“Cuffing season”: é aquele período durante os meses mais frios do inverno em que solteiros/as, que normalmente são felizes com sua solterice e que saem com quem querem, se interessam por relacionamentos mais sérios. A explicação é a seguinte, diz quem percebe do assunto: o tempo fica mais frio e, consequentemente, passamos mais horas dentro de casa. Isto faz com que muitos solteiros sintam a falta de uma companhia mais estável. E abre a época da caça.
“Tuner”: Do termo “tuning”. Quando os músicos “tune” (afinam) os seus instrumentos antes de tocarem uma música, manipulam o instrumento completamente para que, quando toquem, soe mais agradável ao ouvido, especialmente ao tocar uma peça com outros músicos.
No mundo das relações românticas, um “tuner” (aquele que afina) é alguém que tem interesse romântico verdadeiro em alguém, mas evita qualquer discussão séria em casal. O “tuner” vai agradar e fazer praticamente qualquer coisa na tentativa de manter a outra pessoa interessada e envolvida (ou seja, “tuning” ou manipulando essa outra pessoa como se fosse um instrumento). Tem o desejo de ter uma experiência de relacionamento vago, mas agradável, sem nunca necessitar que essa relação exista realmente. Frequentemente o “tuner”, devido ao seu comportamento, causa frustração à outra pessoa.
Afina antes pelo som ambiente, ou pela música que tens no leitor de mp3. O ideal é o Freestyle OhMiBod.
“The lemming”: O “lemming” (lemingue, uma espécie de roedor, é um animal solitário por natureza, que encontra outros da espécie apenas para reprodução e depois leva sua vida em separado) é alguém que tem um relacionamento com uma pessoa, mas que irá descartá-la imediatamente se uma outra (em quem está interessado e que está noutro relacionamento) fique solteiro/a. Assim que isso acontecer, o “lemming” vai tentar conquistar essa outra pessoa.
Por estas e outras é que cada vez mais uso a minha ligação wi-fi para o que realmente interessa: ligar o brinquedo para ter e dar prazer. O mais recente que experimentei é este: BlueMotion da OhMiBod.